Quem é Robert Prevost, o primeiro papa norte-americano
Nascido em Chicago, ele foi missionário na América Latina e tem cidadania peruana desde 2015; como pontífice, se chamará Leão XIV

Nascido nos Estados Unidos, mas com cidadania peruana desde 2015, o cardeal Robert Prevost, eleito papa nesta quinta-feira (8), é descrito como moderado e construtor de pontes. O nome escolhido por ele, que o identificará como pontífice, é Leão XIV.
A decisão foi tomada no começo da tarde desta quinta-feira (8), pelo horário de Brasília. A fumaça branca sobre a Capela Sistina foi vista às 13h07min. Pouco mais de uma hora depois, por volta de 14h15min, a escolha por Prevost foi confirmada, e também o nome que ele usará como papa.Nascido em Chicago em 14 de setembro de 1955, Prevost chegou ao Peru como um jovem missionário agostiniano e, do país andino, partiu como bispo para o Vaticano, para se tornar uma figura central na administração de Francisco.
Hoje com 69 anos, ele tem inclinação pastoral, perspectiva global e capacidade de governar a Cúria Romana, segundo especialistas. Sua reputação como moderado e construtor de pontes também pode ser crucial em um momento em que a igreja parece profundamente dividida.
"Muito para fazer"
Prevost passou um terço de sua vida nos Estados Unidos. O restante entre a Europa e a América Latina, de onde também era natural o argentino Jorge Mario Bergoglio.
O jornal italiano La Repubblica o chamou de "o menos americano dos americanos" pela moderação de suas palavras.
A ideia de um papa americano foi descartada durante séculos, em Roma, seja pela distância — estavam tão longe que geralmente chegavam atrasados aos conclaves — ou por decisões geopolíticas.
Arcebispo emérito de Chiclayo, cerca de 750 quilômetros ao norte de Lima, Prevost deixou o Peru para se juntar ao governo do Vaticano, onde chefiou o Dicastério para os Bispos, que tem a importante função de aconselhar o papa sobre a nomeação de líderes da Igreja. Após a morte de Francisco, Prevost disse que ainda havia "muito a fazer" na transformação da Igreja.
— Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã, porque o mundo de hoje, em que a Igreja vive, não é o mesmo que o mundo de 10 ou 20 anos atrás — declarou.
— A mensagem é sempre a mesma: proclamar Jesus Cristo, proclamar o Evangelho, mas a maneira de alcançar as pessoas de hoje, os jovens, os pobres, os políticos, é diferente — acrescentou.
Missionário no Peru
Prevost foi um dos cardeais mais próximos de Francisco, cujo pontificado gerou resistência nos setores mais conservadores. Mas, ao mesmo tempo, sua sólida formação em direito canônico tranquiliza aqueles círculos que buscam uma abordagem mais focada na teologia.
Prevos frequentou um seminário menor da Ordem de Santo Agostinho, em St. Louis como noviço, antes de se formar em matemática na Filadélfia. Poliglota, estudou direito canônico em Roma, onde também obteve o doutorado.
Ele se juntou aos agostinianos no Peru, em 1985, para a primeira de suas missões no país andino. Ao retornar a Chicago em 1999, foi nomeado prior provincial dos agostinianos naquela região americana e, posteriormente, prior geral da ordem em todo o mundo.
Ele retornou ao Peru em 2014, quando Francisco o designou administrador apostólico da Diocese de Chiclayo.
Quase uma década depois, ele se juntou à Cúria, substituindo o cardeal canadense Marc Ouellet, que foi acusado de agredir sexualmente uma mulher e renunciou devido à idade.
Então, o falecido pontífice também o nomeou presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.
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